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            DOIS POEMAS 
              
            
            (Gustavo Felicíssimo) 
              
              
            
            ILHA DE ITAPARICA 
            
              
            
            O poente anuncia estrelas, 
            
            a lua crescente e divina 
            
            ancorada no mar da ilha 
            
            onde é musa que a todos cala. 
            
                      Sobre as águas uma jangada, 
            
            o lume dos barcos ao longe, 
            
            um pássaro voando à toa 
            
            e a vida vestida de organza. 
            
                     Não há terra de leite e mel, 
            
            Apenas tu, Itaparica, 
            
            em teu compasso natural. 
            
                           Nada mais singelo, 
            senhores: 
            
            nem canções falando de amor, 
            
            nem amores nascidos ao mar. 
            
              
            
              
            
              
            
            TRANSE  
            
              
            
            Pra Noélia 
             
            Como é doce a lembrança de outras faces 
            e mais doce ainda a presença desta 
            que ao encontrar em meu ser uma fresta 
            adentrou de mansinho, sem disfarces. 
            Delícia que me leva à realidade 
            firma a certeza na ilusão vivida, 
            pois se é nula a confiança nesta vida 
            frustrada está, então, toda a verdade. 
            Não tomei nota da palavra medo, 
            esse colosso que atormenta e cega, 
            assim vivo o que ao homem não se nega: 
            inundo planaltos e quedo cedo. 
            Embora sinta a rigidez da morte 
            insisto em ser senhor da minha sorte. 
              
            
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