CANÇÃO
DO PALÁCIO DA AJUDA
(Popular.
Recolhido por Nicolau Saião)
Belo
Palácio da Ajuda
palácio
de grande altura
casa
cheia tem fartura
não
sou só eu que o digo
corre
a galinha ao trigo
e
a fama é dos pardais
albardas
sem atafais
e
selas sem terem estribos
na
praça se vendem figos
p’ra
contentar os rapazes
no
mar andam alcatrazes
também
lá andam gaivotas
menina
das pernas tortas
todos
lhe chamam canejos
vão-se
as sezões com os desejos
e
as feridas com unguento
mói
o moinho de vento
e
tece a teia a aranha
esta
cantiga é tamanha
não
tem princípio nem fim
um
raminho de alecrim
que
se dá aos namorados
as
armas são pr’ós soldados
também
são pr’ós caçadores
triste
de quem tem amores
bem
ligeiro tem de andar
a
gaita é para tocar
o
pente é para a cabeça
menina
não endoideça
que
se pode dar por feliz
tem
um tamanho nariz
que
lhe chega até ao seio
que
tem mais de palmo e meio
criado
com tanto vigor
que
muita gente lho tem gabado
pr’á
bigorna dum ferrador.
|