Home Poesia Prosa Traduções Colaborações Arquivo Contatos

Bem-vindo à homepage de Renato Suttana.

Carlos Martins, O anjo tramado

 

CALDO VERDE À MANEIRA DE SÃO MANÇOS

 

(Nuno Rebocho)

 

Retirado das rotas que conduziam para o Sul, São Manços continua a ser passagem obrigatória para quantos pratiquem a boa mesa: uma mão cheia de lugares fazem apelo a quem pretenda aconchego. E há surpresas. Mestre Marcírio, sim, mestre, porque mestre é, com pequeno tasco no Largo 25 de Abril, serve de exemplo. Entrados na sombra acolhedora do retiro, talvez se fique desconfiado das três, quatro mesas sem especiais requintes. Mas haja ânimo: abancai. E preparai o estômago para um caldo verde com jaquinzinhos (carapaus minúsculos).

 

Caldo verde como comida alentejana? Pois, sim senhores. É diferente do que se faz no Minho e no Douro Litoral, aí com caldo engrossado com farinha de milho, de preferência sem azeite e enfeitado de rodela de chouriço. À moda de São Manços, o regime é outro, porque o que malga traz é caldo verde, engrossado a batata cozida e desfeita no caldo, a couve migada bem cozida e nanja de enchidos. No preparo do caldo, para além da batata, uma cebola, também ela bem passada e quase “dissolvida”, quatro ou cinco dentes de alho bem esmagados para apaladar e alhar bem o caldo. E refinando: folhas de coentro cozidas lá dentro. Um manjar, amigos. À parte, para acompanhar as colheres deste precioso caldo verde, uma travessa de jaquinzinhos convenientemente passados, para trincar com espinhas e tudo.

 

É assim que por São Manços se faz o saboroso caldo, para aproveitamento da couve abundante nas hortas que cercam o povoado e para adubar os estômagos. Repasto de primeira, asseguro que é.

 

Outros escritos de Nuno Rebocho