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Nicolau Saião, As aventuras de Lúcifer (técnica mista sobre papel)

 

DOIS SONETOS

 

(John Keats)

 

 

SONETO

 

Tivesse eu tua imóvel cintilância,

Estrela, não sozinho na infinita

Noite, a mirar, em longa vigilância –

Da natureza insone, ermo Eremita –

As águas móveis em seu mister santo,

Puro, de abluir humanos litorais,

Ou vendo o suave, recém-caído manto

Da neve sobre outeiros e aguaçais –

Não! mas ainda firme, ainda imutável

Sobre o peito da amada em floração,

Para sempre sentir seu pulso amável,

Desperto, sempre, em doce inquietação –

E o meigo, meigo sopro surpreender

E sempre assim viver – ou perecer.

 

 

 

O QUE DISSE O TORDO

 

Tu, que sentiste o vento dos invernos,

E viste a branca neve em meio à bruma,

E os cimos do olmo entre as frias estrelas,

Terás na primavera uma colheita.

Tu, cujo único livro foi a luz

Da treva extrema, de que te nutriste,

Noite após noite, quando o Sol se punha,

Tripla manhã terás na primavera.

Não te inquiete saber – eu nada sei,

E entanto a voz em mim é irmã do ardor;

Não te inquiete saber – eu nada sei,

E entanto a noite me ouve. Quem se atrista

Pensando no ócio, nunca está ocioso, –

E está desperto quem se crê a dormir.

 

 

(Traduções de Renato Suttana)

 

 

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